O brasileiro considera que a inflação
está alta e sentiu no bolso o impacto do avanço dos preços, mas ainda tem um
baixo grau de conhecimento sobre ela. Um levantamento da Paraná Pesquisas com
2,5 mil pessoas em todo o país mostra que a maioria (66,4%) não sabe dizer em
que patamar se encontra a inflação acumulada nos últimos 12 meses.
O desconhecimento fica evidente mesmo
entre os que dizem que sabem em quanto está a inflação. Entre esses
entrevistados, 21% acreditam que ela está acima do que realmente está. Esse
grupo acredita que os preços subiram mais de 7%. Outros 4,1% acham que ela está
mais baixa – entre 1% e 4%. Em 12 meses, o índice de inflação medido pelo IPCA,
do IBGE, está em 6,7%, acima do teto da meta de inflação perseguida pelo Banco
Central, de 6,5%. É a taxa mais alta desde outubro de 2011.
“O brasileiro em geral tem uma relação
pouco exata com a inflação. Ele ouve dizer que está alta, mas não para para
pensar sobre ela”, diz Murilo Hidalgo Lopes de Oliveira, diretor comercial da
Paraná Pesquisas. “No dia a dia, o brasileiro não tem noção exata da inflação.
Ele tende a perceber o reajuste de preços em serviços e produtos que usa mais”,
avalia Fábio Tadeu Araújo, professor de Economia da PUC-PR.
Segundo a pesquisa, 78,5% acharam que
foram os alimentos que subiram mais; 35,2% citam os combustíveis; 22,3% acham
que foram os transportes; e 21,2%, os serviços de saúde.
Para o economista Roberto Piscitelli,
professor da UnB, essa percepção pouco clara também se deve ao fato de que cada
consumidor tem seu próprio índice de inflação, de acordo com o tipo de gasto.
“É de se esperar que as pessoas tenham uma percepção diferente”, diz.
Segundo ele, o brasileiro sabe pouco
sobre como lidar com a inflação. “Existe um trauma da hiperinflação e há sempre
um receio de que a alta gere um descontrole. Mas ainda há muita desinformação”,
diz.
Desconhecimento
Jovens são os que menos entendem
A pesquisa mostra que a população jovem
é a que menos sabe sobre a inflação. Entre os entrevistados entre 18 e 24 anos,
um terço disse não saber explicar o que é a inflação. Em compensação entre os
que tem mais de 45 anos, 88% tem familiaridade com o tema.
“São pessoas que na infância ou na
juventude conviveram com a hiperinflação. Foram obrigados a entender, na época,
a alta dos preços. Até porque eles sofreram muito mais com ela do que os jovens
de hoje”, diz Murilo Hidalgo Lopes de Oliveira, diretor comercial da Paraná
Pesquisas.
Para ele, é um pouco preocupante que a
população jovem não preste atenção na alta de preços. O levantamento também
mostra um outro dado surpreendente. Apesar de a maioria dos entrevistados achar
que a inflação é algo ruim, 8,4% disseram que consideram a inflação algo bom.
Para o economista Fábio Tadeu Araújo, da PUC-PR, esse porcentual é um absurdo.
“Não posso acreditar que essas pessoas estavam falando sério”, diz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário