A divulgação dos resultados do Enade 2012 na semana passada
colocou mais uma vez em evidência a vulnerabilidade do exame a boicotes. No
Paraná, a nota 1 dada ao curso de Direito da Universidade Federal do Paraná
(UFPR) é um dos exemplos que revelam a falta de comprometimento de
universitários com a prova que ajuda a avaliar a qualidade dos cursos
superiores no país.
No ano passado, 536 mil formandos de dez bacharelados e
seis tecnólogos participaram do Enade. Entre os cursos avaliados em 2012 estão
Administração, Direito, Jornalismo e Publicidade e Propaganda. Assim como o
CPC, a nota do Enade varia entre 1 (fraco) e 5 (excelente).
Entretanto, enquanto notas máximas representam que os
estudantes têm domínio do conteúdo previsto para determinada graduação, nem
sempre notas baixas significam falta de conhecimento dos universitários.
Por ser um exame obrigatório – indispensável para obter o
diploma e sem exigência de nota mínima –, há quem boicote a prova apenas
assinando a lista de presença e entregando a prova em branco. Entre os que se
posicionaram contra o Enade 2012 está Renato de Almeida Freitas Junior, 27
anos, recém-formado em Direito pela UFPR. “A prova era bem rasa e infantil,
considerava muito pouco as disciplinas que temos durante as aulas. Já é
consenso boicotar o Enade. Ninguém precisou propor um acordo contra a prova.”
Incentivo
Mesmo respeitando a decisão dos alunos de participarem
efetivamente do exame ou não, professores incentivam os alunos a levarem o
Enade a sério. Segundo o diretor da Faculdade de Direito da UFPR, Ricardo
Marcelo Fonseca, estudantes são encorajados a participar. “Instrumentos de
avaliação são importantes para poder separar o joio do trigo. O Enade tem
lacunas e deve ser permanentemente discutido, mas isso não quer dizer que não
tenha de ser feito”, diz.
Já o especialista em avaliações educacionais Odilon Carlos
Nunes entende a visão dos estudantes e critica a perspectiva autoritária do
exame e o fato de não haver uma avaliação continuada do processo de ensino. “Os
sujeitos envolvidos não são ouvidos. É uma avaliação feita de cima. Penalizar o
avaliado é uma solução simplista”, afirma.
Gazeta do Povo
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