quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Eficácia do Enade esbarra em boicotes





A divulgação dos resultados do Enade 2012 na semana passada colocou mais uma vez em evidência a vulnerabilidade do exame a boicotes. No Paraná, a nota 1 dada ao curso de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR) é um dos exemplos que revelam a falta de comprometimento de universitários com a prova que ajuda a avaliar a qualidade dos cursos superiores no país.

O desempenho dos alunos no Enade representa 70% da nota do Conceito Preliminar de Curso (CPC), indicador usado pelo Ministério da Educação (MEC) para controlar a qualidade das graduações. Com base no CPC, que também leva em consideração a estrutura, os recursos pedagógicos e o corpo docente dos cursos, o governo federal traça medidas para que as instituições de ensino melhorem seus cursos, podendo inclusive suspender a abertura de novos vestibulares. A avaliação é feita a cada três anos, e o CPC deve ser divulgado em novembro.

No ano passado, 536 mil formandos de dez bacharelados e seis tecnólogos participaram do Enade. Entre os cursos avaliados em 2012 estão Administração, Direito, Jornalismo e Publicidade e Propaganda. Assim como o CPC, a nota do Enade varia entre 1 (fraco) e 5 (excelente).

Entretanto, enquanto notas máximas representam que os estudantes têm domínio do conteúdo previsto para determinada graduação, nem sempre notas baixas significam falta de conhecimento dos universitários.
Por ser um exame obrigatório – indispensável para obter o diploma e sem exigência de nota mínima –, há quem boicote a prova apenas assinando a lista de presença e entregando a prova em branco. Entre os que se posicionaram contra o Enade 2012 está Renato de Almeida Freitas Junior, 27 anos, recém-formado em Direito pela UFPR. “A prova era bem rasa e infantil, considerava muito pouco as disciplinas que temos durante as aulas. Já é consenso boicotar o Enade. Ninguém precisou propor um acordo contra a prova.”

Incentivo
Mesmo respeitando a decisão dos alunos de participarem efetivamente do exame ou não, professores incentivam os alunos a levarem o Enade a sério. Segundo o diretor da Faculdade de Direito da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, estudantes são encorajados a participar. “Instrumentos de avaliação são importantes para poder separar o joio do trigo. O Enade tem lacunas e deve ser permanentemente discutido, mas isso não quer dizer que não tenha de ser feito”, diz.

Já o especialista em avaliações educacionais Odilon Carlos Nunes entende a visão dos estudantes e critica a perspectiva autoritária do exame e o fato de não haver uma avaliação continuada do processo de ensino. “Os sujeitos envolvidos não são ouvidos. É uma avaliação feita de cima. Penalizar o avaliado é uma solução simplista”, afirma.

Gazeta do Povo


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