Matéria publicada no dia 12/01/2002 no O Diário
Cenário e externalidades reforçam a necessidade de nossa reflexão!
Edital Nº 006/2012 - Assembléia Geral - CAECO
Os professores e funcionários da UEM estão em greve há quase quatro meses. Sem dúvida, um longo período de percalços e impasses. A greve é justa, pois estamos há sete anos sem um único reajuste salarial. E olha que estamos apenas reivindicando a reposição de perdas salariais acumuladas durante o governo Lerner. Mas uma greve longa como essa, acaba provocando diversos prejuízos, principalmente para os nossos alunos.
Muitos deles não conseguirão se formar no período normal, e por isso, deverão adiar a entrada no mercado de trabalho ou mesmo perder um emprego prometido; outros, não conseguirão se matricular nos cursos de mes-trados ou em residências médicas. Mesmo aqueles alunos que não estão se formando, terão prejuízos acadêmicos, como por exemplo, os alunos matriculados na série inicial dos cursos de graduação, que sem concluir o ano letivo, não poderão disputar as 240 bolsas de Iniciação Científica que o CNPQ fornece anualmente para a UEM, já que a inscrição será no mês de abril e o concorrente deverá ter concluído, obrigatoriamente, o primeiro ano.
Um outro prejuízo é o adiamento do vestibular. Não estou falando aqui do prejuízo financeiro do setor empresarial da cidade, sobretudo os dos donos de hotéis, bares e restaurantes; nem do prejuízo da UEM, que deixou de receber as taxas de inscrição. Estou falando do prejuízo moral de milhares de candidatos, que não puderam concorrer e que serão forçados a prestar o vestibular fora de época; ou o que é pior, muitos desses candidatos, que deixaram de entrar na universidade pública, provavelmente, já estão pagando mensalidades em faculdades particulares, enquanto aguardam o vestibular da UEM, da UEL etc.
Mas quem são os culpados desses prejuízos. Nós, os professores e funcionários da UEM? A Reitoria da UEM? O comando de greve? Talvez. Mas o maior culpado é o ímprobo governador do Estado, Sr. Jaime Lerner (PFL), que entre discursos e evasivas, diz que não pode atender a nossa reivindicação básica (reposição salarial de 50,03%, relativo à inflação acumulada durante os sete anos de seu governo), ora por dificuldades financeiras do Estado, ora por imposição da Lei de Responsabilidade Fiscal. De concreto, aventa com a possibilidade de fazer modificações no Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS) dos funcionários técnico-administrativos (para os professores, não há um alento sequer), a partir do mês de abril do corrente.
E aí, muitos dizem: por que não dar um crédito ao governador, encerrando a greve e esperando até abril? Por um simples motivo: nesse governador não se pode confiar. No dia 29 de junho de 2000, uma semana antes de terminar a greve daquele ano, que durou 42 dias, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior encaminhou ofício para a Associação dos Docentes da UEM, se comprometendo em discutir um reajuste salarial, caso a greve terminasse. A greve terminou e até hoje os funcionários e professores estão a ver ?navios?. Em novembro de 2001, o Secretário de Ensino Superior, Ramiro Wahrhafting assinou um termo de compromisso, dizendo que em dezembro anunciaria um índice de reposição. Dezembro passou, o ano acabou e o índice também não veio! Nesse momento, a promessa é a de rever o PCCS no mês de abril? Quem vai confiar nisso! Em abril já estaremos em período eleitoral, e aí, a ?Inês é morta? (brincadeirinha de ?primeiro de abril?).
No entanto, precisamos de uma saída urgente. É necessário uma ação concreta dos nossos interlocutores: governo, reitoria, comando de greve. Ninguém, de bom senso, aguenta mais essa greve. Nós, os docentes e funcionários da UEM, temos muita pressa. Queremos voltar, o mais rápido possível, à nossa árdua e indelével tarefa de formar os nossos alunos cidadãos e profissionais competentes, de fazer pesquisa visando o desenvolvimento do Estado e do país e de atender a nossa tão empobrecida população nas clínicas e hospital universitários. Para o bem dos nossos alunos, da sociedade e da UEM!
Angelo Priori é professor do Departamento de História da UEM. Ex-presidente da Aduem (gestão 1997/2001)
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